Os 10 anos de Avatar



Vingadores: Ultimato tem quebrado recordes de bilheteria. Alcançou o valor espetacular de US$ 1,2 bilhão somente em seu primeiro fim de semana nas telonas. O que faz muita gente perguntar: conseguirá a conclusão desses 11 anos de Marvel Studios alcançar o maior êxito da história, Avatar? Curiosamente a superprodução de James Cameron completará dez anos de seu lançamento no fim deste ano. Vale relembrar o filme que finalmente fez jus ao uso do 3D no cinema e chegou a US$ 2,7 bilhões, ultrapassando outro blockbuster do mesmo diretor, Titanic.

Foram quase 15 anos necessários para conceber o projeto. E a espera valeu à pena. Avatar, primeiro filme dirigido por James Cameron desde o ultra hiper super sucesso Titanic, vencedor de 11 estatuetas no Oscar, é um espetáculo visual sem precedentes. Um passo à frente em relação a tudo o que tinha sido feito via computação gráfica no cinema.

Assim como outros trabalhos tecnicamente revolucionários do cineasta – e a lista é grande: Exterminador do Futuro 1 e 2, Aliens, O Resgate, O Segredo do Abismo, True Lies, o próprio Titanic – Avatar tem roteiro simples, que lembra bastante Dança com Lobos: alguém que aprende a viver numa sociedade diferente e acaba defendendo a nova “família” contra a barbárie. No caso, em 1990, Kevin Costner era o homem branco que se aproximou dos apaches. Aqui, Sam Worthington foi o humano inserido numa comunidade alienígena nativa.

A trama se passa no futuro, em 2156. O ser humano virou colonizador numa lua distante chamada Pandora, onde há um mineral valiosíssimo (um quilo vale US$ 20 bilhões!) capaz de ressuscitar nosso planeta, destruído por sua própria sociedade.

Sam Worthington vive um paralítico, ex-fuzileiro, que aceita fazer parte desse programa de colonização no lugar do irmão gêmeo falecido. Ele comandará, por meio de sensores neurológicos, o corpo artificialmente de um avatar, ser desenvolvido a partir do DNA humano junto com o de um Na’vi, espécie alienígena que vive naquele ambiente venenoso aos terráqueos. O objetivo da missão: se aproximar da população nativa, aprender seus costumes e depois convencê-la a deixar suas terras. Caso contrário, haverá guerra.

Apesar do roteiro repleto de clichês e que remete a tantas outras produções, Cameron caprichou tanto nos detalhes visuais que fica impossível não mergulhar na ambientação. Além disso, o enredo tem a capacidade de nos fazer envolver com sua mensagem ambientalista. Nada mais oportuno numa época em que o ser humano castiga cada vez mais seu próprio habitat. Os Na’vi possuem uma ligação profunda com a natureza. Toda a existência de Pandora está ligada, como se fosse um sistema de rede, uma network. É um universo selvagem, natural, mas que funciona como as últimas tecnologias da informática.

O poder dessa mensagem é tamanho, que nos pegamos torcendo contra nossa própria espécie. No filme, os heróis são os alienígenas.

É mais empolgante ainda quando percebemos que até os marines americanos, retratados sempre como heróis em filmes de guerra, são derrotados. Era o grande favorito do Oscar 2010, mas foi injustamente preterido nas principais categorias. Os “sábios” da Academia decidiram consagrar o bom (mas inferior) Guerra ao Terror, um filme que pouca gente viu, mas que mostra soldados americanos como heróis. Já pensou se elegessem o melhor filme do ano uma trama em que os ianques são os vilões? Resta aguardarmos as continuações prometidas por Cameron. Para demorar tanto, o cineasta provavelmente nos surpreenderá outra vez.

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