O Incrível Hulk (1977-1982) e o drama do herói marginalizado


Após o sucesso do filme O Incrível Hulk (2008) produzido pelo Marvel Studios, os aficionados pelo personagem puderam comemorar o lançamento em DVD no Brasil do antigo seriado televisivo, que fugia um pouco do conceito das histórias em quadrinhos, mas obteve sucesso, sendo inclusive atração em horário nobre aos sábados na Globo.

Essa série foi um dos primeiros sucessos em live action da Marvel fora das histórias em quadrinhos. O Dr. Banner era interpretado Bill Bixby (das séries Meu Querido Marciano e O Mágico).  Já o personal trainner e Mr. Universo Lou Ferrigno fazia o gigante esmeralda, coberto por camadas de tinta.

Apesar do orçamento limitado, o produtor Kenneth Johnson (V: A Batalha Final) tinha o apoio de Stan Lee, um dos criadores do personagem em 1962 ao lado do grande Jack Kirby.

Mudanças foram feitas em relação ao material original dos gibis. De Bruce Banner, o cientista passaria a ser David Banner.  Stan Lee não escondeu em entrevistas posteriores que os produtores queriam mudar o nome de Bruce para David porque não achavam Bruce um nome “másculo”.



Inicialmente foi produzido um longa-metragem chamado O Incrível Hulk – Como a Fera Nasceu, dirigido por Kennety Johnson e contando a origem do Hulk, que estreou no início de 1977.

Banner está trabalhando no laboratório quando acontece um acidente que acabou matando seu assistente. Contaminado pelos raios gama,  se transforma no personagem título, e acaba “flagrado” pelo jornalista Jack McGee (Jack Colvin), que passa a persegui-lo, visando “descobrir” Hulk. Inspirado no seriado O Fugitivo, Bruce torna-se um foragido da justiça.

Com a boa recepção do longa, foi encomendada uma continuação chamada Morte em Família, que estreou na segunda metade do mesmo ano, e que serviria para confirmar a aceitação do formato e avaliar custos de produção para um possível seriado.

A partir daí foi realizada a série que teve cinco temporadas e mais de 80 episódios.

Os roteiros eram sempre os mesmos: fugindo de McGee, o cientista Dr. Banner mudava de nome, cidade e encontrava alguém com problemas. Algo o deixava nervoso e ele se transformava no Hulk.

No final de cada episódio, era tocada a memorável e melancólica música instrumental, e Banner vagava solitário e sem rumo pelas estradas americanas, pedindo carona.


O sucesso do seriado foi tanto, que em 1979 o Hulk da TV ganhou um filme para o cinema chamado O Casamento do Incrível Hulk, que posteriormente foi dividido em duas parte e exibido na TV como episódio duplo de abertura da segunda temporada

Atores respeitáveis como Pat Morita (Karate Kid), Morgan Woodward (Star Trek) e Gary Graham (Alien Nation) fizeram suas participações ao longo das temporadas. Mas a fórmula se esgotou e, mesmo com o protesto do público, O Incrível Hulk foi cancelada.

Quem se acostumou aos efeitos visuais a partir dos anos 2000, principalmente, poderá estranhar o Gigante Esmeralda envolto em tinta. No entanto, o seriado era um retrato do herói marginalizado, incompreendido e que precisava viver em solidão.

A produção tomava cuidado para deixar a magia no ar. Bill Bixby evitava ser fotografado ao lado de Lou Ferrigno utilizando a maquiagem de Hulk. Sentia que, se as imagens os mostrassem juntos, destruiriam a ilusão de crianças e fãs do programa. Tabloides da época estavam sempre tentando flagrá-los reunidos e não conseguiram.

A série recebeu um Emmy, o Oscar televisivo, de melhor atriz em série dramática, para Mariette Hartley, pelo episódio Married.


Após o encerramento do programa televisivo foram produzidos três telefilmes – O Retorno do Incrível Hulk, de 1988, no qual o protagonista enfrenta um Thor bem diferente das HQs. O Julgamento do Incrível Hulk, de 1989, colocava Hulk junto ao Demolidor, que diferente dos quadrinhos, se vestia de preto e mais parecia um ninja, sem contar o nome dado na versão, "Audacioso", que pouco ou nada tem a ver com o homem-sem-medo. Demolidor foi interpretado por Rex Smith, da série Moto Laser.

A Morte do Incrível Hulk, de 1990, fechou o ciclo.

Os dois últimos foram dirigidos pelo próprio Bill Bixby.   

Estes telefilmes apresentaram crossovers em live action de personagens Marvel bem antes do surgimento do MCU.

E por pouco não houve o encontro do Gigante Esmeraldo com o Escalador de Paredes.

Em 1984, Bill Bixby ofereceu a Nicholas Hammond (A Noviça Rebelde) a chance de reprisar seu papel na série Homem-Aranha (1977) um encontro entre os heróis numa produção distribuída pela Universal Pictures e Columbia Pictures.

Hammond topou a empreitada, mas a Universal Studios deu pra trás, alegando que Lou Ferrigno estava indisponível. Por outro lado, Ferrigno afirmou que nunca foi contatado e não tinha conhecimento do projeto até trabalhar em sua autobiografia em 2003.

A série O Incrível Hulk ganharia status cult. Ferrigno apareceu nas adaptações cinematográficas do herói da Marvel e o filme de 2008 homenageou escancaradamente o seriado, utilizando o tema musical, fazendo referência a Bill Bixby e mostrando o protagonista Edward Norton (fã declarado da série) fugindo de país em país. Após o lançamento de O Incrível Hulk (2008) produzido pelo Marvel Studios, os aficionados pelo personagem puderam comemorar o lançamento em DVD no Brasil do antigo seriado televisivo.






Postar um comentário

0 Comentários