Qual o grande astro pop da música atual? Você caro leitor, conseguiria dizer algum artista, ou banda, que no momento gera frenesi entre pais e filhos em todo o mundo? Não? Justin Bieber, Katty Perry, Anitta? Os jovens dividem-se em tantas tribos que dificilmente algum artista consegue agradar a todos. Os adultos então…
Já aconteceram alguns poucos casos de artistas que arrebataram corações e mentes ao redor do globo. Frank Sinatra, Elvis. A beatlemania… E depois disso, talvez apenas Michael Jackson tenha realizado o feito de aliar reconhecimento da crítica e números exorbitantes em vendagens, músicas nas paradas de sucesso e fazer a alegria de várias gerações ao mesmo tempo. Ok, surgiram Madonna, Nirvana, Backstreet Boys, etc, mas o sucesso deles não passou nem perto.
Era 1982, auge do vinil, e o disco se chamava Thriller. O disco de Michael sacudiu a indústria fonográfica durante dois anos, entre 82 e 84, como jamais havia acontecido. Alcançou recordes impressionantes, que duram até hoje: o álbum mais vendido da história (104 milhões de cópias), o que ficou mais tempo em primeiro lugar (132 semanas), o que teve mais singles de sucesso (sete faixas no top 10), o mais premiado (97 prêmios, incluindo oito Grammys), o disco internacional mais vendido no Brasil e o clipe mais bem-sucedido: 14 milhões de cópias do vídeo da faixa-título foram vendidas em VHS.
Mas Thriller merece ser celebrado não apenas por seus números. MJ e o produtor Quincy Jones passaram meses no estúdio burilando as canções, e deram à obra um acabamento inigualável, colocando rock no R&B. É só contar as participações especiais: Paul McCartney canta em The Girl Is Mine, o guitarrista Eddie Van Halen eternizou o solo de Beat It e até a banda Toto (que não é lá essas coisas, entretanto estava em alta com QJ na época) participa em Human Nature.
Como resultado, a obra também quebrou barreiras raciais. Em março de 1983, a MTV veiculou o clipe de Billie Jean e o passo moonwalk virou febre em todo o mundo, dançado por adultos e crianças. Assim, o astro abriu espaço para artistas e música pretos, até então segregados da TV e da mídia pop.
Os videoclipes foram um frenesi à parte, revolucionários, substituíam as colagens de imagens tão comuns até então para investirem em enredos dignos de cinema como Billie Jean, Beat It e, principalmente, Thriller. Neste último caso, o clipe é um curta-metragem de 14 minutos gravado em película, orçado em US$ 600 mil, dirigido por John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres). A música e a dança seriam reverenciados diversas vezes em filmes como em De Repente 30 (2004).
Depois, Michael ainda fez o excelente Bad, cuja canção título teria videoclipe dirigido por Martin Scorsese. Na capa do disco já dava para notar a mudança de fisionomia, o nariz mais fino e a pele mais clara. Em pouco tempo ele mudaria totalmente de cor e passaria a ser manchete mais por suas polêmicas do que pelos lançamentos musicais, ainda que eles sempre trouxessem o selo de qualidade do artista.
Thriller jamais perdeu seu lugar na história. Sua influência ecoa até hoje. Até o roqueiro Chris Cornell costumava entoar uma versão lenta de Billie Jean em seus shows.
Nos aniversário de 25 anos do disco, foi lançada uma edição especial com capa holográfica, e que inclui faixas-bônus como Someone In The Dark, Carousel, o demo de Billie Jean e os bastidores da locução de Vincent Price para a faixa-título, mais remixes (versões bem inferiores às faixas originais) de Fergie, Akon, Will.I.Am e Kanye West.
No documentário Michael Jackson’s This is it (2009), lançado após sua morte com cenas daquela que viria a ser a turnê de retorno do astro, é possível perceber a importância de Thriller em sua carreira: a síntese de um artista completo.
Não dá para resumir o legado de Michael e a saudade que ele deixou no público, na mídia, no mundo, em um álbum. Mas em dias que os cliques e o visual parecem valer mais que o talento, é preciso manter viva a obra do Rei do Pop.
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