Kill Bill - Vol. 1 (2003)

 



Kill Bill - Vol. 1,,o mais recente filme de Quentin Tarantino, foi o filme mais esperado da temporada de 2003/2004. E não decepcionou. É esperto, divertido, engraçado e violento (mas não demasiado), já que tudo é feito com humor e um certo "gore e cenas de sangue explícito", mas nada muito estarrecedor.

Muita gente, porém, vai discordar comigo, porque não vai achar graça no banho de sangue (verdadeiros chafarizes de sangue!). Isso é normal no cinema oriental, e aqui é feito para rir. Esse é o conselho fundamental.

Não é comédia, é ação com humor. Não tenha vergonha de rir, aplaudir, vaiar. Essa é a proposta do filme. Seu problema maior é que falta ao espectador atual o referencial: não se conhecem os filmes de kung-fu de Hong Kong que estão sendo homenageados, inclusive os com o logotipo da firma Shawn Bros (que fazia os melhores deles), o estilo de arte e apresentação. E principalmente a trilha musical que lembra, entre outras coisas, os faroestes de Ennio Morricone.

É claro que eles faziam filmes assim por US$ 50 mil, e Quentin Tarantino precisou de mais que US$ 50 milhões. Mas quem estava com medo de ter se enganado com o talento que transformou Tarantino no cineasta mais influente dos anos 1990 pode descansar. Sem dúvida ele continua um bom copiador. Ou reciclador. O talento é indiscutível.

Ele consegue, por exemplo, a melhor interpretação da carreira de Uma Thurman. A história é sobre vingança, sobrevivência, narrativas picotadas. Bill, que é feito por David Carradine, do antigo seriado de TV Kung Fu - papel que Warren Beatty desistiu na última hora -, nunca aparece, ouve-se apenas a voz (ele é mais bem explorado na continuação).


Foi Bill que mandou matar A Noiva/Black Mamba (Uma Thurmna), que está grávida (aparentemente dele), mas que sobreviveu, ficou anos em coma e agora procura vingança. No final da primeira parte há uma revelação inesperada. E, como sempre, aparecem ídolos decadentes, como o astro japonês Sonny Chiba, Daryl Hannah, Michael Parks (o Adão, de A Bíblia, de John Huston).

Revendo o filme (altamente recomendável), pude constatar melhor o talento de Tarantino em narrar uma história. Ele divide a ação em capítulos, iniciando com a luta que motiva a história, mas narrando fora de ordem.

Logo de cara, Uma entra numa casa de subúrbio, onde mora Vivica A. Fox, uma das assassinas, agora aposentada. Imediatamente as duas começam a lutar e quebrar a casa toda (a ação que é interrompida pela chegada da filha pequena dela). E, quando Uma risca o nome dela, repare que já houve outra morte antes. Só que antes vamos para o hospital onde a heroína ficou em coma. Para azar de alguns, ela desperta justamente a tempo de descobrir que há um enfermeiro que aluga as pacientes para serem objetos sexuais para clientes (imagine como será a vingança).

Depois vem o aprendizado de kung-fu na ilha de Okinawa e finalmente o clímax da história, quando ela enfrenta O-Ren Ishii (Lucy Liu), que virou a sanguinária chefe dos yakuzas locais.

É aí que Tarantino se diverte, fazendo longos movimentos de câmera, usando truques de luta, criando vilões memoráveis e realizando sua última batalha num cenário "fake" e branco de neve.

Destaque especial também para as duas asseclas, a bela Sofie Fatale (a francesa Julie Dreyfus) e Gogo (Chiaki Kuriyama). Tem mais o que falar, o filme é repleto de referências e sacadas, um deleite para cinéfilo.

Na continuação, porém, ele muda de tom, numa narrativa mais lenta e menos espetacular. Prefiro esta primeira metade. Curiosidade: A sequência de matança no night club é em preto e branco, por uma questão de censura americana (a versão japonesa é em cores).



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