Interlúdio, dirigido por Alfred Hitchcock, personifica de maneira sublime o estilo visual característico do mestre, enquanto Um Corpo que Cai se destaca como a manifestação mais completa de suas obsessões. O filme apresenta notáveis tomadas de câmera - uma obra-prima que leva a poderosas passagens finais, revelando o equívoco compartilhado por dois homens.
Ao lado de Casablanca, Interlúdio consagra a imortalidade de Ingrid Bergman. O roteiro intricado se desenrola quando seu amado desconfia dela, resultando em um mal-entendido central que conduz a trama. Cada peça se encaixa com precisão, culminando em uma cena impactante em que duas pessoas descem uma escada em direção à liberdade, enquanto uma terceira ascende, inexoravelmente, rumo à perdição.
Hitchcock concebeu este filme em 1945, quando a Segunda Guerra Mundial caminhava para o fim, mas logo viria a Guerra Fria. Meses depois, a narrativa poderia ter transformado os antagonistas em comunistas, mas enquanto Hitchcock e Ben Hecht trabalhavam no roteiro, os nazistas ainda ocupavam o centro de suas preocupações. O filme inicia com um subtítulo preciso, “Miami, Flórida, 15h20, 20 de abril de 1946”, uma especificidade admirável, embora tão dispensável quanto os detalhes minuciosos no início de “Psicose”.
O longa é considerado por críticos e estudiosos como um marco na carreira artística do cineasta, representando uma maturidade temática aprimorada. Seu biógrafo, Donald Spoto, escreve que "Interlúdio é, de fato, a primeira tentativa de Alfred Hitchcock - aos quarenta e seis anos - de trazer seus talentos para a criação de uma história de amor séria, e sua narrativa sobre dois homens apaixonados por Ingrid Bergman só poderia ter sido feita nesta fase de sua vida".
Em 2006, o clássico foi selecionado para preservação no Registro Nacional de Filmes dos Estados Unidos pela Biblioteca do Congresso, por ser "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo".
0 Comentários