Um Vini Jr é muito mais valioso para o esporte e a sociedade do que um Neymar



Dizer que Neymar jamais venceu a Bola de Ouro porque em seu auge estava competindo com Messi e Cristiano Ronaldo é uma balela gigantesca. Em 2018, Modric ganhou o prêmio de Melhor do Mundo e Cristiano Ronaldo e Messi ainda estavam muito bem. Messi, por exemplo, só ganharia a Copa do Mundo quatro anos depois. A verdade é que o brasileiro, de maneira geral, se pega muito na questão da habilidade, do que o jogador é capaz de fazer com a bola, embaixadinha, bicicleta, dar chapéu, caneta, etc. Sendo que o futebol é muito além disso.

Essa idolatria pela habilidade técnica no Brasil lembra os Harlem Globetrotters, aquela equipe de basquete que excursionava pelos Estados Unidos fazendo malabarismos com a bola de basquete. Eles eram incríveis em suas performances e entretiam o público com jogadas espetaculares, mas não competiam profissionalmente. Da mesma forma, muitos jogadores brasileiros são celebrados por suas habilidades com a bola, mas não conseguem traduzir isso em sucesso dentro das quatro linhas do futebol profissional.

O próprio Pelé já tinha mostrado décadas atrás que era necessário utilizar todas as valências que ele tinha para ir em direção ao gol e jogar pro time. Neymar nunca fez isso de forma consistente. Fez no Santos e um ano no Barcelona, mas na seleção sempre foi mimado e deixou de passar várias bolas na última Copa do Mundo, inclusive bolas para o Vinícius Júnior. Não se cuidou fora de campo. E tendo em vista que o jogador precisa ser um atleta e utilizar o seu talento em prol do time, nesse sentido, o Vinícius Júnior já ultrapassou o Neymar dentro e fora de campo faz tempo.

Em muitos podcasts da área esportiva, ex-jogadores ou atuais jogadores, quando perguntados se jogaram mais ou menos do que algum colega de profissão, costumam dizer que jogaram, sendo que ganharam muito menos e foram muito menos relevantes. Um exemplo é o ex-lateral direito Gabriel, que jogou no São Paulo, dizendo que jogou mais que o Cafu. Saber driblar na posição dele, por exemplo, é apenas uma das valências, dentro de várias outras que a posição exige, e o Cafu foi eleito numa eleição da FIFA como o melhor lateral direito do mundo da história. Ele está entre os maiores da história na posição e é um dos maiores vencedores do futebol como um todo. O Gabriel querer se comparar ao Cafu é de uma bizarrice gigantesca. Isso costuma acontecer muito no Brasil, dos entrevistadores e de ex-jogadores se aterem muito à questão da habilidade do drible, quando na verdade foram muito inferiores a vários outros jogadores.

Vinícius Júnior tem mostrado uma evolução significativa, tanto em campo quanto fora dele. Sua disciplina, comprometimento e desempenho pelo Real Madrid e pela seleção brasileira têm sido notáveis. Ele entende que futebol é mais do que dribles e jogadas de efeito; é sobre contribuir para a equipe, se manter fisicamente preparado e ter uma mentalidade profissional. Comparado a Neymar, Vinícius tem demonstrado uma maturidade e um comprometimento que são essenciais para o sucesso no futebol de alto nível.

Querer passar pano por Neymar é de uma irresponsabilidade gigantesca e covardia de quem ainda teima em defendê-lo. Jogadores que se destacam apenas pela habilidade, como Neymar, podem ser lembrados pelo espetáculo que proporcionaram, mas não necessariamente pelos títulos e conquistas que definem os verdadeiros grandes do esporte. No futebol profissional, habilidade técnica é apenas uma parte do todo. A capacidade de se adaptar taticamente, a resistência física e a mentalidade coletiva são igualmente essenciais.

Passou da hora de valorizar exclusivamente jogadores por suas habilidades espetaculares sem considerar sua eficácia dentro de um contexto competitivo. O futebol exige mais do que habilidade individual: exige comprometimento, trabalho em equipe e uma mentalidade de atleta que compreende e valoriza o esporte como um esforço coletivo. O sucesso de um jogador deve ser medido não apenas por suas habilidades individuais, mas também por sua capacidade de contribuir para o sucesso do time, sua dedicação, profissionalismo e consistência.

Portanto, a trajetória de Neymar deve servir como um lembrete de que, no futebol profissional, o talento puro não é suficiente. É a combinação de habilidade, disciplina e espírito de equipe que define os grandes jogadores e que, por isso, Vinícius Júnior, com sua atitude e desempenho, tem potencial para deixar um legado muito mais significativo.


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