A Relação entre Marilyn Monroe e Bette Davis nos Bastidores de A Malvada



A década de 1940 foi período prolífico para Hollywood. Grandes produções cinematográficas e atuações memoráveis marcaram a história do cinema. Um dos filmes que se destacou nessa época foi A Malvada (All About Eve, 1950), dirigido por Joseph L. Mankiewicz. A trama envolvente e as atuações de um elenco estelar garantiram ao filme um lugar de destaque no panteão dos clássicos do cinema.

Margo Channing (Bette Davis) é uma veterana e renomada atriz de teatro, figura imponente e carismática, cuja carreira está em fase crucial. A vida de dela sofre uma reviravolta com a chegada de Eve Harrington (Anne Baxter), jovem aparentemente ingênua que se torna assistente de Margo. À medida que a trama se desenrola, revela-se a ambição de Eve em usurpar o lugar de Margo nos palcos e na vida pessoal, manipulando todos ao redor para alcançar seus objetivos.

Bette Davis entregou uma das performances mais emblemáticas na carreira. A interpretação da atriz veterana, cheia de inseguranças e temores diante do envelhecimento e da competição, recebeu aclamação universal e uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. A intensidade e a profundidade emocional trazidas para o papel tornaram Margo uma personagem inesquecível.

Marilyn Monroe, por sua vez, teve participação menor, mas significativa no filme. Ela interpretou Miss Caswell, jovem e atraente aspirante a atriz. Embora o papel fosse relativamente pequeno, Monroe não passou batida. Sua presença na tela, combinada com charme e vulnerabilidade, destacou o talento emergente e prenunciou a ascensão meteórica que a carreira tomaria nos anos seguintes. Em uma das cenas mais memoráveis, Miss Caswell, acompanhada pelo crítico de teatro Addison DeWitt (George Sanders), se destaca em uma festa, mostrando uma mistura de ingenuidade e astúcia que capturou a atenção do público.

A interação entre Bette Davis e Marilyn Monroe nos bastidores de A Malvada é tão fascinante quanto as performances na tela. Davis, reconhecida por força e intensidade dramáticas, revelou em suas memórias uma visão surpreendente sobre Monroe. Em um trecho revelador, confessou:

"Senti uma certa inveja pelo que presumi ser a popularidade mais do que óbvia de Marilyn. Aqui estava uma garota que não sabia o que era estar sozinha. Então percebi que ela era tímida e acho agora que ela era tão solitária quanto eu era. Mais solitária. Era algo que eu sentia, um profundo poço de solidão que ela estava tentando preencher”, disse. 

Essa declaração oferece uma perspectiva especial sobre Marilyn Monroe, frequentemente vista apenas por glamour e charme, mas que, segundo Davis, carregava uma profunda solidão. A complexidade de Monroe, marcada por timidez e busca incessante por preencher um vazio interno, contrasta com a imagem pública que ela projetava, de uma mulher sempre rodeada de admiradores e em busca constante de aprovação.

Nos bastidores, a dinâmica entre Davis e Monroe pode ser vista como um microcosmo das pressões e desafios enfrentados pelas mulheres na indústria cinematográfica daqueles tempos. 

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