Alien (1979), de Ridley Scott, marcou um ponto de virada na história do cinema, misturando magistralmente os gêneros de ficção científica e terror. Ao criar uma atmosfera de tensão constante, o longa trouxe uma nova perspectiva sobre o espaço, não mais visto como a fronteira final, mas um lugar sombrio e ameaçador. A ideia original de Dan O'Bannon e Ronald Shusett, inspirada em filmes de terror e ficção científica dos anos 50, evoluiu para algo muito mais complexo e assustador, graças à visão de Scott e à equipe de produção.
A criação do monstro Xenomorfo, desenhado por H.R. Giger, é a marca registrada da franquia. A combinação e elementos biomecânicos e orgânicos resultou em uma criatura que personificava o medo do desconhecido e do incontrolável. A presença do Alien, de silhueta elegante e mortal, contribuiu para estabelecer um novo padrão de design de criaturas no cinema.
Sigourney Weaver, que interpretou Ellen Ripley, originalmente não era a primeira escolha para o papel. O roteiro inicial de O'Bannon e Shusett previa o personagem um homem, mas a mudança para uma protagonista feminina provou ser uma decisão revolucionária. Então uma atriz relativamente desconhecida, ela trouxe uma intensidade e inteligência à heroína que desafiavam os estereótipos de gênero do cinema da época. Sua performance fez de Ripley uma das primeiras heroínas de ação e um modelo para futuras gerações de personagens femininas fortes em Hollywood. Angelina Jolie e Tomb Raider, Milla Jovovich e Resident Evil, Jennifer Lawrence e Jogos Vorazes, as obras cinematográficas estreladas por super-heroínas da Marvel e da DC e tantas outras são herdeiras dela. O restante do elenco, incluindo Tom Skerritt, John Hurt, Ian Holm e Veronica Cartwright, também entregou performances intensas, dando vida a uma tripulação que parecia genuinamente exausta e pragmática.
A famosa cena do "chestburster", em que o Alien irrompe do peito do personagem Kane (John Hurt), é uma das sequências mais chocantes e memoráveis da história do cinema. Ridley Scott manteve o elenco no escuro quanto aos detalhes da cena, capturando reações autênticas de terror e surpresa. O uso de efeitos práticos, combinado com a direção meticulosa, resultou em um momento visceral que deixou audiências em todo o mundo aterrorizadas e fascinadas.
Sucesso considerável, Alien arrecadou mais de 100 milhões de dólares mundialmente, uma quantia significativa para a época. O sucesso comercial foi acompanhado por aclamação crítica, com elogios à direção de Scott, ao design de produção, e à performance de Weaver. Pouco tempo depois, o diretor faria outro marco, Blade Runner, que não teve o mesmo impacto quando lançado, mas ganhou status de cult e passou a figurar entre os melhores filmes de todos os tempos.
Alien surgiu em um período de grande efervescência em Hollywood, na década que provavelmente foi a mais criativa da indústria cinematográfica nos Estados Unidos, com a Nova Hollywood e obras imortalizadas: deste período são os dois primeiros O Poderoso Chefão, Tubarão e Halloween, estes dois influenciando fortemente Alien, Star Wars, O Franco Atirador, Apocalipse Now, Todos os Homens do Presidente, Hair, Rocky, Um Lutador, Superman, O Filme etc. Todos eles são filmes que influenciaram demais as produções das décadas seguintes.
Lançado logo após o sucesso de Star Wars em 1977 e Contatos Imediatos do Terceiro Grau em 1978, que retratavam o espaço de maneira otimista, o longa de Scott trouxe uma visão mais sombria e aterrorizante. Esse contraste destacou ainda mais o filme e ajudou a estabelecer um novo subgênero de ficção científica voltado para o terror psicológico e visceral.
Alien expandiu seu universo para outras mídias, incluindo quadrinhos, videogames e até crossovers com outras franquias. Nos quadrinhos, a criatura Xenomorfo enfrentou personagens como o Superman e o Batman, e em 2003, no curta Batman: Dead End, dirigido por Sandy Collora, o Alien fez uma aparição memorável, enfrentando o Batman e o Predador em um confronto que surpreendeu os fãs. Além disso, a franquia gerou várias continuações, cada uma dirigidas por cineastas diferentes.
O impacto de Alien continuou com Aliens, lançado em 1986, dirigido por James Cameron. Esta sequência trouxe uma abordagem mais orientada para a ação, sem perder o tom de terror do original. Cameron expandiu a mitologia dos Xenomorfos e aprofundou o caráter de Ripley, transformando-a em uma guerreira implacável. Em 1992, Alien 3, de David Fincher, apresentou uma visão mais pessimista e introspectiva, focando no isolamento e no sacrifício. Alien: A Ressurreição, de 1997, dirigido por Jean-Pierre Jeunet, introduziu elementos de humor negro e um estilo visual mais extravagante, explorando temas de clonagem e a natureza do que significa ser humano.
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