King Kong (2005): A Grandiosa Releitura de Peter Jackson Que Encanta e Surpreende


"King Kong" (2005), dirigido por Peter Jackson, é uma grandiosa releitura do clássico de 1933, situada na Nova York da Grande Depressão. A trama segue Carl Denham (Jack Black), um ambicioso cineasta que, em busca de sucesso, parte em uma expedição para a misteriosa Ilha da Caveira. Lá, ele descobre uma terra habitada por criaturas pré-históricas e captura um gorila gigante, Kong, para levá-lo a Nova York como atração de seu filme. Paralelamente, desenvolve-se uma tocante relação entre Kong e a atriz Ann Darrow (Naomi Watts), que o gorila protege com ternura. A história culmina na icônica batalha final no topo do Empire State Building, onde Kong enfrenta aviões em uma luta desesperada.

Embora tenha sido o superespetáculo de 2005, "King Kong" atraiu menos público do que o esperado, arrecadando US$ 560 milhões globalmente contra um orçamento de US$ 210 milhões, em parte devido a uma sensação de déjà-vu e sua longa duração de mais de três horas. Os feriados de fim de ano, que caíram em fins de semana, também prejudicaram a bilheteria. No entanto, a produção mereceu os três Oscars que recebeu, por seus efeitos especiais, som e edição de som.

Apesar desses desafios, "King Kong" é indispensável, com momentos memoráveis de ação, efeitos visuais impressionantes e toques de ternura. Como primeiro trabalho de Peter Jackson após a trilogia "O Senhor dos Anéis", o filme não decepciona. É um espetáculo de direção e efeitos digitais, superior à versão de 1976 e fiel ao espírito do original de 1933, ao qual Jackson presta homenagem respeitosa.

O filme não faz concessões. Passa-se uma hora até a primeira cena de ação, com o naufrágio na Ilha da Caveira, e mais meia hora até a aparição do gorila. No entanto, tudo funciona. O elenco é bem escalado, a história é contada de forma envolvente e a produção é impecável. Cada centavo gasto está visível na tela, incluindo a recriação detalhada da Times Square de 1933.

Situar a história nos anos 1930, durante a Grande Depressão, foi uma escolha acertada. O filme começa com uma montagem que contextualiza a vida da heroína, Ann Darrow, e retrata a pobreza da época nos EUA. Isso não só facilita a crença em ilhas desconhecidas habitadas por monstros, mas também evoca um senso de aventura e fantasia juvenil.

Poucas mudanças foram feitas em relação ao original: o protagonista continua sendo um diretor de cinema inspirado em Orson Welles, mas o roteiro o humaniza, evitando que ele seja apenas um vilão egocêntrico. Jack Black interpreta o personagem de forma contida. Em vez do imediato do navio como interesse amoroso de Ann, foi criado um autor teatral intelectual (Adrien Brody), que já a admirava antes de se conhecerem.

O roteiro é repleto de referências e humor (como a piada "ele é um homem honrado? Claro, é produtor de cinema") e constrói cuidadosamente o tema de "A Bela e a Fera" – ou a Bela que mata a Fera. Na versão de Jackson, o amor entre Ann e Kong é puro, sem insinuações eróticas tipo a versão bizarra de 1976 na qual Jessica Lange parecia ter orgasmos na mão do gorila gigante. 

Esse amor é transmitido com maestria pelas expressões faciais de Kong, cujos movimentos foram baseados na atuação de Andy Serkis, também conhecido por interpretar Gollum. Serkis, além de dar vida ao gorila gigante, aparece como Lumpy, o cozinheiro do navio.

O resultado final é uma releitura de "King Kong" que utiliza o melhor da tecnologia atual. Embora a ação demore a começar, uma vez iniciada, não há pausa. A sequência da chegada à ilha, o encontro com os nativos e a oferta de Ann como sacrifício a Kong dão início a uma série de cenas intensas e assustadoras.

Jackson afirma que fez o filme porque se apaixonou pelo cinema ao assistir "King Kong" aos nove anos, e esse amor transparece na forma como ele conta a história, especialmente na famosa sequência final no Empire State Building. Embora não seja perfeito, o resultado é sempre espetacular.

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