Marta, a maior jogadora de futebol de todos os tempos, está ciente da realidade. Aos 38 anos, ela entende que não consegue mais manter o mesmo ritmo que o Brasil precisa na final olímpica contra os Estados Unidos. Por isso, aceitou com maturidade a possibilidade de começar no banco, deixando claro ao técnico Arthur Elias que não haverá qualquer problema se essa for sua decisão.
É inegável o comprometimento de Marta com a seleção. Sonha com a medalha de ouro há 20 anos, desde a primeira convocação. Já esteve a um passo dela duas vezes, em 2004 e 2008, quando saiu com a prata. Agora, quando disputa a última competição oficial, a atleta quer essa conquista mais do que nunca. E é justamente essa dedicação que a levou a ter a sabedoria de permitir que Elias monte a equipe da melhor forma, mesmo que isso signifique ficar de fora do time titular.
Vale ressaltar que a sueca Pia Sundhage, treinadora anterior, não pretendia levá-la para Paris. A presença de Marta na competição se deve ao técnico Arthur Elias, que acreditou no valor da jogadora dentro e fora de campo. O treinador, que já conquistou diversos títulos à frente do Corinthians, incluindo a Libertadores Feminina e o Brasileirão, tem inteligência tática e liderança. E agora, na decisão de sábado, ele busca o maior título da carreira, confiando em uma equipe mais jovem e física, mas sabendo que pode contar com Marta nos momentos decisivos.
O gesto dela, que abriu mão de seu protagonismo pelo bem da equipe, é a demonstração de grandeza de uma lenda viva. Sua trajetória nos campos está repleta de recordes: é a maior artilheira da história das Copas do Mundo, tanto masculina quanto feminina. Além disso, foi eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA, um feito inigualável.
Porém, a reação de alguns incels e redpills nas redes sociais é simplesmente vergonhosa. Eles tiram sarro da expulsão de Marta nas Olimpíadas de Paris, como se fossem autoridades do esporte, quando, na verdade, muitos desses "homens" não têm respeito nem dentro de casa, quem dirá competência para conquistar sequer um campeonato de botão. A ironia é que se fosse um jogador do time masculino cometendo um erro, esses mesmos indivíduos provavelmente estariam defendendo-o com unhas e dentes, alegando "pressão" ou "nervosismo". É fácil criticar quem está no topo quando, na verdade, a única coisa que eles conhecem bem é o fundo do poço.
Marta, por outro lado, continua um exemplo de humildade e espírito esportivo. Ela não precisa provar nada a ninguém. Seu legado já está assegurado entre as lendas do esporte. E se os críticos tivessem um mínimo de discernimento, saberiam reconhecer isso. Ela está focada no que realmente importa: a medalha de ouro olímpica, o sonho de uma vida. E se o ego ficou em segundo plano para que o Brasil conquiste a vitória, é porque Marta entende que o futebol, assim como a vida, é um jogo de equipe.
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