Quando o Brasil conquistou o bronze nas Olimpíadas de Paris em 2024, o brilho da medalha foi mais uma prova do legado de um dos maiores técnicos da história do esporte: José Roberto Guimarães. Mas essa conquista, como tantas outras ao longo de sua carreira, não é apenas sobre a vitória em si, mas sobre a jornada extraordinária de um homem que moldou o vôlei brasileiro e mundial. O maior técnico da história do vôlei brasileiro.
Único técnico no mundo a conquistar medalhas de ouro tanto no vôlei masculino quanto no feminino, Zé Roberto é um verdadeiro artesão de campeões. Começou como levantador no Banespa, onde rapidamente se destacou, ajudando a criar um dos times mais lendários deste esporte no país. Sob sua liderança, talentos emergiram, e o vôlei cresceu de forma monumental em solo brasileiro. Zé formou times vencedores, foi um mentor para várias gerações de atletas, oferecendo-lhes treinamento e inspiração.
Nascido na cidade de Quintana, interior de São Paulo, em 31 de julho de 1954, Zé Roberto não sabia que seu futuro estaria na beira da quadra. Em 1988, foi convidado a ser assistente técnico da seleção masculina, e logo mostrou competência na nova função. A habilidade em observar o jogo, entender as dinâmicas das equipes e antecipar movimentos o transformou em um técnico formidável. A vitória no ouro olímpico em Barcelona, em 1992, foi a confirmação de que tinha nascido para ser um dos grandes do esporte.
Em um período de sua carreira, mostrou versatilidade ao assumir um cargo fora das quadras. Entre 1999 e 2000, atuou como dirigente de futebol no Corinthians, onde exerceu a função de gerente de futebol e ajudou o clube a ganhar o Mundial de Clubes. Essa experiência em um esporte diferente demonstrou a amplitude de sua capacidade de liderança e gestão, embora tenha sido no vôlei que ele construiu um legado imortal.
Em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, experimentou uma das derrotas mais amargas de sua carreira. A dolorosa semifinal contra a Rússia e a derrota para Cuba na disputa pelo bronze marcaram profundamente o técnico. No entanto, a verdadeira grandeza de um campeão é medida não apenas por suas vitórias, mas pela capacidade de se reerguer após as quedas. E foi exatamente isso que ele fez.
Quatro anos depois, nos Jogos Olímpicos de Pequim, veio a redenção. Sob o comando de Zé, a seleção feminina conquistou o ouro, derrotando os Estados Unidos e colocando o Brasil no topo do mundo. Em 2012, em Londres, consolidou seu lugar na história com o bicampeonato olímpico, desta vez em uma campanha difícil, que terminou em uma virada memorável sobre as estadunidenses.
Se a carreira de Zé Roberto nos ensinou algo, é que ele é um homem movido por desafios. Criou o Barueri Volleyball Club, projeto que visa transformar a vida de jovens atletas e continuar a semear o futuro do vôlei brasileiro. Seu compromisso com o esporte vai além das vitórias; trata-se de construir o amanhã, inspirando e capacitando as novas gerações.
Se há algo que se destaca na figura de Zé Roberto Guimarães, além de seus títulos e conquistas, é a humildade e a capacidade de se reinventar.
Aos olhos de sua família, filhos, netos e amigos, Zé Roberto, aos 70 anos, é exemplo de vida. Após tantas vitórias, derrotas e reviravoltas, finalmente pode respirar e aproveitar cada momento ao lado daqueles que ama.
Obrigado, Zé.
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