Em uma tarde de domingo em 1989, o Domingão do Faustão prometia uma apresentação bombástica de Tim Maia.
O apresentador, de estilo irreverente hábil em manter o público colado na telinha, passou duas horas aquecendo a audiência, prometendo a chegada triunfal de Tim. Mas, à medida que o tempo passava, a expectativa foi se transformando em confusão.
No final dos anos 80, os integrantes dos antigos jornais satíricos Casseta Popular e O Planeta Diário se juntaram em uma banda após uma proposta de um produtor musical. O especialista via a liga entre os comediantes e os chamou para se apresentarem em uma casa de shows no Rio de Janeiro. Lá, eles fizeram várias canções que posteriormente foram lançadas no álbum Preto com um Buraco no Meio (1989), como Tô Tristão e Mãe é Mãe. Durante os shows no JazzMania, Bussunda aproveitava para se vestir como Tim Maia e subia no palco a fim de reclamar do sistema de áudio ou dos próprios músicos. Coisa que o verdadeiro homenageado pela sátira fazia bastante em apresentações.
A equipe de produção do Domingão ficou em polvorosa com ligações desencontradas afirmando que Tim Maia estava a caminho. Enquanto isso, Faustão segurava as pontas no palco, entretendo o público e tentando explicar o atraso do cantor. Porém, o que ninguém sabia era que Tim, ao invés de estar se preparando para sua entrada triunfal, estava relaxando no interior do Rio de Janeiro, sem pressa de voltar para a capital.
Com o tempo esgotando e sem sinal de Tim Maia, Faustão decidiu improvisar. Foi aí que o Casseta & Planeta entrou em cena, com Bussunda, o inesquecível humorista, encarnando Tim Maia. Usando um enchimento para exagerar ainda mais o porte físico do cantor, Bussunda começou a imitar Tim de forma hilária, arrancando gargalhadas da plateia.
No documentário Meu Amigo Bussunda, dirigido pelo também integrante do Casseta & Planeta, Claudio Manoel, amigos do humorista lembraram a situação que culminou na ameaça de Tim Maia. Hélio de la Peña, em depoimento, relembra: "Teve o clássico episódio que o Faustão convidou o Tim Maia, eles fizeram um ensaio, ele foi lá, reclamou do som e acabou não indo no Domingão. Na semana seguinte, entrou a banda e o Bussunda de Tim Maia. Ele ficou uma fera". No fim da apresentação, os comediantes souberam que o cantor tinha ligado para a Globo e ameaçou que iria pegar o Bussunda de qualquer jeito. O motivo? O carioca usava enchimento para imitar o músico, mas o artista alegava que ele não precisaria do objeto porque era gordo igual a ele.
No entanto, longe dali, Tim Maia não achou a menor graça. Ao descobrir que estava sendo "substituído" por uma imitação, ligou furioso para o estúdio. Sua ira era tão grande que ele ameaçou dar um tiro na cara de Bussunda e ainda desafiou Faustão para uma briga na porta da Globo. A ameaça, que hoje parece inusitada, refletia o temperamento explosivo de Tim Maia e sua aversão a brincadeiras feitas à sua custa.
Tempos depois do episódio, Bussunda deu uma entrevista, que também foi exibida no documentário, e minimizou as reclamações do ídolo: "Sempre fui fã. Fui a todos os shows e, por isso, conseguia fazer uma imitação relativamente boa dele. Eu não tenho porque ter medo da porrada, ele não vai. Vai ser igual ao show dele. Ia marcar para não ir", brincou.
Apesar do caos, o episódio virou uma das histórias mais lendárias da televisão brasileira, lembrada tanto pelo improviso brilhante de Faustão quanto pelo surto temperamental de Tim Maia. Bussunda, que sobreviveu à ameaça (obviamente não concretizada), continuou a encarnar Tim Maia em várias outras ocasiões, sempre com muito humor.
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