Como 'The Warriors' Refletiu o Caos Urbano e Se Tornou um Clássico Cult: A Violência de Novs York nos Anos 70


Durante os anos 1970, Nova York enfrentava altas taxas de criminalidade, crise fiscal e decadência de serviços públicos. Baiirros abandonados, infraestrutura deteriorada e uma crescente sensação de insegurança: mais de 2 mil homicídios anuais no final da década. Era um ambiente propício para o surgimento de gangues que dominavam várias regiões. 

Hollywood não tardou a tratar da violência urbana. Diversos filmes capturaram o sentimento de caos nas metrópoles dos Estados Unidos. Taxi Driver (1976), dirigido por Martin Scorsese, é um dos maiores exemplos dessa era, ao acompanhar a descida de Travis Bickle (Robert De Niro) à loucura em meio ao colapso moral e à degradação da Big Apple. Operação França (1971), de William Friedkin, trouxe uma crua representação da brutalidade policial e do tráfico de drogas. Em Assalto à 13ª Delegacia (1976), John Carpenter cria uma obra onde o caos urbano se manifesta em forma de um cerco violento a uma delegacia. Desejo de Matar (1974), estrelado por Charles Bronson, mostrava a transformação de um homem comum em vigilante após sua família ser brutalmente atacada. Justiça com as próprias mãos era uma das bolas da vez. Até nas histórias em quadrinhos surgiu o Justiceiro, da Marvel, de história semelhante. 

Outro exemplo é The Warriors: Os Selvagens da Noite (1979), de Walter Hill, sobre a luta por sobrevivência em um ambiente onde a lei parece ter perdido a validade.


Baseado no romance homônimo de Sol Yurick, publicado em 1965, segue a gangue de rua que batiza a obra. Chefiados inicialmente por Cleon (Dorsey Wright), que é assassinado, os Guerreiros (na tradução) têm a liderança assumida por Swan (Michael Beck). Eles são acusados de matar Cyrus (Roger Hill), o líder carismático dos Gramercy Riffs, durante uma reunião que visava estabelecer uma trégua entre facções. 

A reunião de Cyrus é interrompida quando Luther (David Patrick Kelly), líder dos Rogues, atira nele e imediatamente culpa os Warriors pelo homicídio. A partir desse ponto, a trama acompanha a difícil travessia dos protagonistas. Eles precisam cruzar uma Nova York hostil, de Bronx a Coney Island, enquanto são caçados por diferentes rivais que acreditam na acusação. Durante essa jornada noturna, o filme traz confrontos memoráveis. Há a luta com os Baseball Furies, que se vestem como jogadores de beisebol e fazem dos tacos suas armas, e os Turnbull AC's, que patrulham as ruas em um ônibus escolar adaptado.

Além dos confrontos físicos, o longa também oferece uma representação visual estilizada da cidade. Walter Hill usa uma paleta de cores vibrantes e fotografia escura para criar uma Nova York quase distópica, onde os Warriors são constantemente perseguidos, seja por outras gangues ou pela própria metrópole, que parece sempre contra eles. Deborah Van Valkenburgh interpreta Mercy, uma jovem ligada inicialmente aos Orphans, mas que decide seguir junta aos Warriors. A atriz voltaria a trabalhar com o diretor em Ruas de Fogo (1984), outro cult de Walter Hill sobre conflitos urbanos em versão fábula rock.


Luther (David Patrick Kelly), líder dos Rogues e verdadeiro responsável pela morte de Cyrus, provoca Swan na cena final. Na dublagem brasileira, Luther repete a frase de forma ameaçadora: "Guerreiros, venham brincar", enquanto bate garrafas nos dedos. Essa cena tornou-se uma das mais lembradas pelos fãs.

Críticos se dividiram quanto à abordagem estilizada da violência. O público jovem, entretanto, se conectou à narrativa de sobrevivência e a representação de gangues em um ambiente urbano caótico. Em algumas exibições, acontecerem brigas e tumultos, o que aumentou a fama da obra. Apesar das controvérsias, The Warriors conquistou um público fiel, ganhando status de clássico cult e inspirando diversas adaptações, inclusive uma série de quadrinhos e um videogame em 2005.


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