No meio de uma enchente devastadora, um pequeno gato solitário vê seu mundo transformado em um imenso oceano de incertezas. Ele não está sozinho. Pelo caminho, encontra outros bichinhos—de diferentes espécies, diferentes histórias—mas unidos por um destino comum: a sobrevivência. Flow, dirigido por Gints Zilbalodis, é uma produção da Letônia vencedora merecidamente do Oscar de Melhor Animação, superando gigantes como Divertidamente 2, e ainda concorreu ao prêmio de Melhor Filme Internacional.
Embora ambientado em um passado indefinido, o filme dialoga diretamente com o presente. Vivemos em tempos onde o discurso dominante prega a sobrevivência individual a qualquer custo—“vença na vida”, “conquiste seu espaço”, “não importa o que aconteça aos outros”. No entanto, Flow segue um caminho diferente. Aqui, os bichinhos, em meio ao caos, percebem com o tempo que não é a disputa por um pedaço de terra ou comida que os fará prosperar, mas sim a cooperação, o olhar coletivo, a construção de um futuro juntos.
A metáfora é atual.Enquanto no mundo real vemos conflitos por terras e guerras, e pseudo-líderes mundiais e bilionários sonham em colonizar Marte, esquecendo-se de cuidar da nossa própria casa, Flow nos lembra que o planeta é um organismo vivo, que depende de equilíbrio e respeito para seguir existindo. A natureza não é um bem descartável , ela é o que dá sentido à nossa existência.
Além disso, a câmera de Flow não apenas observa—ela nos insere dentro da jornada. O olhar do diretor nos transporta para dentro desse mundo inundado, nos colocando ao lado dos personagens, sentindo sua solidão, seus desafios e sua esperança. Cada quadro é uma pintura viva, uma fusão deslumbrante entre animação digital e tradicional, criando um espetáculo visual que merece ser visto na melhor tela possível.
A grandeza do longa não vem do Oscar. A vitória foi merecida, mas o que faz desta animação uma obra acima da média é o carinho, o cuidado e o talento na construção dessa história universal. Uma história que, mesmo sem humanos em cena, carrega o peso e as consequências das escolhas humanas. Uma história que nos convida a repensar nosso próprio caminho.
E, além disso tudo, Flow despertou nas pessoas a vontade de adotar gatinhos pretos - algo que não costumava acontecer. Uma pesquisa na Inglaterra revelou que muitos rejeitavam esses bichanos porque não os consideravam “instagramáveis” o suficiente. Agora, graças ao filme, talvez essa visão parece ter mudado. Eu, como um orgulhoso pai de Pet - afinal temos aqui o Charlie e a Olivia, os quais amo de paixão -, amei o filme também! .
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